quinta-feira, 18 de abril de 2013

As cruzadas

O período compreendido entre os séculos XI e XIII foi caracterizado por importantes mudanças, fruto da crise do sistema feudal, promovendo um processo de grande marginalização, impossível de ser absorvido pelas cidades existentes, ou que formavam-se.





As cruzadas são vistas como uma "válvula de escape" para a crise provocada pela marginalização sócio econômica. Milhares de europeus marcharam em direção à Terra Santa obedecendo ao chamado da Igreja Católica, mas ao mesmo tempo, movidos pelo interesse na possibilidade de saque ou de conquista de terras. Alguns reis, participaram do movimento, pretendendo o aumento de poder, numa época da crise feudal, como por exemplo na terceira cruzada, também conhecida como cruzada dos reis.

Objetivos

A igreja não era a única interessada no êxito dessas expedições: a nobreza feudal tinha interesse na conquista de novas terras. Deslumbravam-se com a possibilidade de ampliar seus negócios até o Oriente e todos estavam interessados nas especiarias orientais, pelo seu alto valor,como: pimenta-do-reino, cravo,noz-moscada e outros. Movidas pela fé e pela ambição, entre o século XI e XIII partiram para o Oriente oito Cruzadas.


Cruzadas, uma guerra defensiva

As cruzadas, são apresentadas por alguns historiadores, como guerras de conquista da Europa contra os árabes. Mas não é bem verdade. As cruzadas surgiram, porque os países árabes, depois de unirem todas as tribos numa mesma nação islâmica continuaram a luta pelo poder total de Alá e seu Profeta, marchando em direção aos Bálcãs e à península ibérica. Desde o século VII que os adeptos da doutrina muçulmana, ou islamismo, liderados por Maomé, que intitulava a si próprio: "Profeta de Alah", iniciaram a Guerra Santa, conquistando a Arábia, a Palestina, ocupando os Lugares Santos de Belém, Nazaré e Jerusalém, depois o Egito, e daí passando à Espanha, onde foram chamados de: "mouros". Eram consideradas como uma guerra defensiva, portanto justa; consequentemente, os cavaleiros partiam com a consciência tranquila, pois não se tratava de uma guerra de conquista.


As perseguições aos romeiros

Em 1070 os turcos haviam tomado Jerusalém aos árabes e começaram então as perseguições e profanações que os peregrinos narravam com cores vivas do Ocidente. Nessa época, um piedoso peregrino chamado, Pedro d'Amiens ao retornar da Terra Santa, foi descrever ao Papa Urbano II, o vexame do cristãos na Palestina e a profanação dos lugares santos, pelos infiéis. J. F. Michaud nos diz que Urbano II fora informado de um ataque iminente a Constantinopla. Decidiu, pois, passar ao ataque do campo inimigo. por esse motivo, o Papa convocou o concílio de Clermont, ao qual compareceram muitos príncipes do Ocidente. Lá compareceu também Pedro d'Amiens e expôs com tal emoção a triste situação do país Cristo que todos os circunstantes, em lágrimas,romperam num grito uníssono de fé e coragem: "Deus o quer!" "Deus o quer!"


O absurdo da "razão única de ordem econômica".

Os cavaleiros iam para o Oriente em busca de riquezas, fortuna, glória. Mas o que fazia eles deixar seus castelos, terras, mulher e filhos, para viajar naqueles barquinhos pequenos que mais pareciam casca de noz e atravessar o que eles chamavam de "Mar Tenebroso"?
Se não entendermos os objetivos da Cavalaria medieval, não conseguiremos entender as cruzadas; porque, do ponto de vista econômico, era um malogro total. Não eram apenas cavaleiros de classes humildes, que iam para a Terra Santa. Reis e príncipes abandonavam seus tronos e iam também, como foi o caso de Ricardo Coração de Leão, Felipe de França e tantos outros. Assim não é possível explicar essa guerra apenas sob o prisma econômico.


Consequências

As cruzadas, tiveram várias consequências,como o renascimento comercial, o fortalecimento do poder real e o enriquecimento do Oriente. Já no aspecto cultural, as Cruzadas favoreceram o desenvolvimento de um tipo de literatura voltado para as guerras e grandes feitos heroicos. Muitos contos de cavalaria tiveram como tema principal, esses conflitos.